Fala-se cada vez mais na conveniência em insistir
com a troika no alargamento dos prazos de cumprimento de certas
medidas constantes no memorando de entendimento a que nos
comprometemos. Percebe-se da dificuldade politica na imposição dessas
medidas mais dificeis, sobretudo daquelas que irão bulir com os velhos
hábitos nacionais do "nacional-porreirismo" e do "deixa andar". Não
tenhamos porem ilusões acerca da determinação dos nossos
sócios-credores no "endireitamento" do nosso modo de vida laxista e
desorganizado que alguns "patriotas" de pacotilha classificam de
"desenrascanço" tipicamente luso. É que enquanto não nos endireitarmos
(bem como os países intervencionados como o nosso) não será possivel
solucionar globalmente a questão da da dívida europeia. E quanto mais
tarde se criarem os mecanismos necessários para essa solução
definitiva e global, mais problemática se afigura a recuperação da
Europa.
A mázona da Merkel já definiu o timing deste
processo. Primeiro pôr os prevaricadores na ordem para evitar futuras
prevaricações e só depois avançar com o verdadeiro processo de
recuperação das finanças dos países em dificuldade. Ninguem gosta de
atirar o seu dinheiro para dentro de um buraco sem fundo antes de o
tapar. O risco será o do contágio sistémico a outros países ainda
equilibrados. Além dos países já oficialmente no cadafalso (vamos lá a
ver se nem todos terão que ser enforcados) começaram já outros a dar
sinais de desiquilibrio financeiro, como a Itália, a Espanha e agora a
Hungria. A questão do timing nas reestruturações está a tornar-se
assim cada vez mais premente, não no sentido do seu alargamento (como
os portugas, habituados a ver apenas as árvores desprezando a visão
global da floresta, desejam), mas pelo contrário na sua redução, para
travar o efeito de contágio a países sãos, que se está a tornar cada
vez mais ameaçador.
O "efeito" chines nascido da recente participação
chinesa no capital da EDP, que criou na convicção dos espíritos
simples dos portugas de que Portugal se poderá safar das suas
obrigações financeiras internacionais tornando-se numa Mongólia
ocidental, veio aprofundar a convicção saloia lusa de que se a Europa
não nos ajuda (ainda querem mais?) então virar-nos-emos para os
"amigos" chineses, que estão desejosos para "investir" neste país de
brandos costumes, que eles bem conhecem dos últimos anos da presença
portuguesa em Macau. Não sejamos tolos, nem saloios em demasia, mas
preocupemo-nos mais em ajudar a recuperar o nosso país para
reingressarmos na comunidade de países que constituem ainda referencia
de vida aos demais povos da terra, voltando a ser um país onde outros
desejam viver e não regredirmos aos anos 60 onde a maioria de nós
procurou vida melhor no estrangeiro.
ALBINO ZEFERINO 8/1/2012
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