Num momento de enormes duvidas quanto ao futuro de
Portugal resultante da crise global que nos assola, cabe perguntar-se
quais são os países que mais interesse têm na preservação da nossa
independencia como Nação livre e soberana, pois só assim poderemos
esperar alguma solidaridade nos esforços que vamos empreendendo para
atingirmos esse objectivo. Desde sempre que em momentos de crise
outros povos vieram em nosso socorro, sempre interessadamente é certo,
mas cuja ajuda foi decisiva para a preservação da nossa identidade
enquanto povo independente e capaz de cuidar de si. Foram os ingleses,
para cuja estratégia expansionista era indispensável travar o acesso
fácil dos espanhois ao Atlantico (em Aljubarrota e na Restauração) ou
evitar que mais tarde países seus rivais controlassem o Atlantico nas
suas caminhadas europeias (a França napoleonica e a Alemanha nazi), os
que mais nos ajudaram durante a nossa história de glórias e de
fracassos. Mas foram tambem os ingleses que, conhecendo-nos melhor,
mais nos exploraram e nos achincalharam (Protectorado de Beresford,
Ultimato de 1890 e 1ª Grande Guerra). Foi ainda aos ingleses a quem
Salazar recorreu no periodo entre guerras (a troco de apoio
financeiro, a Inglaterra ficou com os correios, telegrafos, telefones,
redes de transportes, monopólios comerciais e outros em Portugal).
Mais nenhum outro país teve uma influencia tão forte na defesa da
nossa identidade própria como os ingleses, a troco da cedencia de
partes da nossa soberania (a libra, por exemplo, circulava em Portugal
a par do escudo, como moeda de referencia).
Com a entrada na União europeia e a subsequente
adopção do euro como moeda nacional, fomo-nos afastando da
Grâ-Bretanha, que hoje deixou de constituir referencia em Portugal,
para nos enfeudar-mos na chamada europeização do país, espécie de
crença que tudo justifica e tudo explica. Agora que estamos
intervencionados por essa Europa que tanto desejámos e idolatrámos,
procuramos ainda estrebuchar alguma independencia entregando sectores
importantes da nossa economia a terceiros países que nos acenam com
investimentos que serão rentáveis certamente para eles mas talvez não
tanto para nós. Refiro-me a chineses e a angolanos que se estão
apropriando, uns do sector energético e outros do bancário portugues.
Compreende-se o interesse chines na tecnologia portuguesa e sobretudo
na internacionalização da EDP atraves da qual poderão mais facilmente
penetrar no Brasil e na America. Quanto aos angolanos, a tomada de
participações importantes na banca portuguesa permite-lhes entrarem no
controlado mercado financeiro europeu tornando-os players mundiais no
sector. A Europa (e os alemães em particular) que contavam conosco
como extensão espanhola e tambem brasileira dos seus interesses, está
a verificar que a liberalização rapida e descontrolada da economia
portuguesa está a virar-se para outras paragens menos apetecidas dos
europeus (leia-se dos alemães). Queira Deus que a boa-vontade com que
a troika tem vindo a acompanhar a lenta e problemática recuperação
portuguesa não se transforme no lobo mau que tem açulado a Grécia e a
está e empurrar encosta abaixo em direcção ao precipicio fatal.
ALBINO ZEFERINO
30/1/2012
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