sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A PRIVATIZAÇÃO DE PORTUGAL

Portugal está em processo de rápida privatização. 
Faz parte das determinações da troika e resulta do desastre das 
governações anteriores. Não temos outro remédio que não seja vender os 
aneis para que não nos levem os dedos. Se atentarem bem verificarão 
que a soberania portuguesa (ou seja a faculdade de decidir sobre 
aquilo que é nosso) se vai esfumando à medida que vamos vendendo (ou 
seja, privatizando) a terceiros aquilo que era nosso (sejam eles 
individuos, sejam sociedades ou sejam Estados) a troco de dinheiro que 
vai servindo para irmos pagando as nossas dívidas aos estrangeiros. 
Dito de outro modo, estamos entregando os nosssos sectores produtivos 
(aqueles que geram receitas e empregos) aos nossos credores por conta 
do dinheiro que lhes devemos. Mas curiosamente quanto mais 
privatizamos (ou seja, quanto mais coisas lhes vendemos, mais dinheiro 
lhes ficamos a dever). Significa isto que continuamos a gastar 
connosco mais do que deviamos (a dívida externa portuguesa cresce em 
vez de diminuir) e cada vez estamos mais endividados. A continuar este 
caminho, qualquer dia a nossa situação (a situação de cada portugues) 
tornar-se-á de absoluta indigência. Empobrecemos alegremente até à 
completa exaustão. 
Ao fim de ano e meio de intervenção estrangeira em 
Portugal já é possivel ficar com uma ideia mais ou menos clara sobre 
da situação de dependência em que ficaremos. Com a liberalização do 
mercado electrico em 2015, o fornecimento desta energia aos 
portugueses ficará nas mãos ou de empresas espanholas (Endesa ou 
Iberdrola) ou chinesas (EDP). Com a privatização da TAP (agora em 
curso) o transporte aéreo portugues passará (indirectamente) para mãos 
brasileiras. Os milhares de empregados da TAP que se cuidem! Foi 
Gutierres e os seus muchachos que iniciaram este processo com a 
contratação do génio brasileiro Fernando Pinto para a condução deste 
processo que agora acaba. As famosas auto-estradas do Cavaco estão 
hoje em mãos espanholas (Ascendi e construtoras espanholas) ficando 
para a empresa publica portuguesa Estradas de Portugal o encargo da 
sua manutenção. A Brisa dos Melos é sócia minoritária neste sector. Na 
banca, já há tempos que dominam os espanhois (30% do mercado bancário 
portugues está nas mãos de bancos espanhois - Santander, BBVA, BPI, 
banco Popular) e o restante está paulatinamente passando para mãos 
angolanas (BCP, BPN, etc.). Na agricultura, quase todo o regadio 
(sobretudo à volta do Alqueva) pertence a espanhois, tendo o sequeiro 
permanecido nas mãos calejadas dos agricultores portugueses que, 
através da CAP, continuam a reclamar subsidios para a cultura do 
sobreiro, da oliveira e da pera-rocha. A distribuição agro alimentar 
está cada vez mais nas mãos dos holandeses da Unilever (silent 
partners da Jerónimo Martins no Pingo Doce). O imobiliário de 
qualidade é controlado por empresas inglesas (Sotebys, Century21, 
entre muitas outras) e o imobiliário popular pela REMAX americana. O 
turismo que dá dinheiro (ligado ao golf e aos SPA) é anglo-saxónico, 
ficando para operadores portugueses a Costa da Caparica e a praia do 
Moledo do Minho. Os portos (sobretudo Sines, os outros contam pouco) 
são chinêses e coreanos (bem podem os estivadores portugueses 
espernear, que têm os seus dias contados) e os transportes terrestres 
(os que dão dinheiro) vão caindo progressivamente em mãos espanholas 
através da Barraqueiro. Os texteis, o calçado e os vinhos continuam 
maioritariamente em mãos portuguesas mas não sei até quando. 
Como se vê, a situação não é brilhante e receio 
bem que por este andar fiquemos apenas com os tres activos que ninguem 
quer: o SNS, o ensino publico e a segurança social. Tudo o resto será 
mais cedo ou mais tarde propriedade alheia e nós passaremos a 
trabalhar para eles como, quando e do modo que mais lhes convenha a 
eles. 

ALBINO ZEFERINO 19/10/2012 

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