domingo, 28 de outubro de 2012

QUANDO ACABARÁ A CRISE?

Cansado da austeridade que a presente crise lhe 
tem imposto, o povo portugues pergunta-se, cada vez com mais 
veemência, quando acabará esta maldita crise que lhe consome a alma, o 
espírito e ainda os poucos patacos que os portugas amealharam com 
sacrificio. Em principio estava previsto que acabaria no final do 
programa de ajuda financeira que nos está a ser aplicado pela famosa 
troika de que tanto se fala, lá para finais do próximo ano. Mas dadas 
as reacções (incompreensivelmente inesperadas por parte da população 
em geral) já há quem defenda a necessidade de novo plano de resgate 
para nos pôr em condições de regressar aos mercados. É que as medidas 
inicialmente previstas no actual plano não têm sido integralmente 
cumpridas, o que irá forçar a tomada de medidas ainda mais drásticas a 
fim de erradicar de vez este espantalho que nos impede de normalizar 
as nossas vidas. 
A coisa porém não é simples, antes parecendo, pelo 
contrário, configurar uma situação a que os americanos chamam de 
"catch 22", ou seja em portugues vernáculo, preso por ter cão e preso 
por não ter. Explico-me. Sem que se tenham efectuado as reformas 
estruturais no tecido económico e social portugues, não será possivel 
diminuir a despesa publica necessária para se atingirem os valores do 
deficit orçamental e da dívida publica previstos no tratado de 
Schengen, ao qual orgulhosamente aderimos há mais de 15 anos. As ditas 
reformas só serão efectivamente possiveis de realizar se 2/3 dos 
deputados da Assembleia da Republica estiverem de acordo com elas e 
com a forma de as fazer. Como o actual governo não possui 2/3 dos 230 
deputados e os restantes partidos insistem em se opôr às tais reformas 
(espantosamente até o partido socialista, que não só negociou a 
entrada de Portugal em Schengen, como pediu formalmente a ajuda da 
troika) não será possivel sair sem dor deste imbróglio. 
O que poderá ocorrer então? Cá para mim uma de 
duas coisas, ambas terriveis, que irão dar cabo de vez deste jardim à 
beira mar plantado. Ou o presidente dissolve a Assembleia depois de 
verificada uma irregularidade no funcionamento das instituições (a ele 
competirá fazer essa avaliação) e convoca eleições legislativas 
antecipadas, das quais resultará uma vitória do PS que aliado ao BE 
formará um governo que tentará renegociar um novo programa de ajuda 
com a troika mas sem as condicionantes reformadoras do actual, o que a 
mim me parece impossivel de conseguir, pois sem as reformas feitas não 
virão mais ajudas; Ou as reacções populares às actuais medidas 
previstas no projecto de orçamento do Estado para 2013 serão de tal 
maneira violentas, que provocarão uma reacção contra-revolucionária 
que fará interromper de imediato as ajudas financeiras internacionais 
que nos têm feito viver até agora. Qualquer destes cenários 
determinará uma suspensão da ajuda financeira da troika e uma eventual 
saída de Portugal do euro (e da UE), lançando-nos numa anarquia social 
que nos fará recuar dezenas de anos no nosso estatuto civilizacional e 
nos colocará à mercê de grupos de pressão menos escrupulosos (veja-se 
o caso da Guiné-Bissau) ou de países que nos queiram usar como 
lixeiras ou modelos de experimentações. 

ALBINO ZEFERINO 
28/10/2012 

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