segunda-feira, 29 de abril de 2013

A SAÍDA DO EURO

 

          Na sequência da constatação da confusa situação em que o país se encontra, em resultado da aplicação da austeridade sem o lançamento duma politica de crescimento em paralelo, o PS arvorou em arco e, de congresso em congresso, já só fala no que vai fazer quando for para o governo.  Esquecem-se os apressados xuxas que sem a resolução prévia dos problemas financeiros, que a danosa gestão anterior da coisa publica (veja-se agora a questão dos swaps com dinheiros publicos, a acrescentar à criminosa prodigalidade despesista do governo anterior), nada se pode fazer, pois enfiar dinheiro numa economia falida sem antes a regenerar, é o mesmo do que deitar dinheiro no cano de esgoto. Sem um saneamento eficaz das contas publicas, não é possivel lançar politicas de crescimento.
          A situação económica e social continua na mesma, senão pior,do que quando foi pedida a ajuda financeira excepcional que determinou essa mesma austeridade de que os xuxas (e quejandos) se queixam. Se o PS estivesse no governo nada poderia fazer de diferente do que o actual governo faz.  Por isso não vale a pena fazer eleições intercalares. Ao assinalar isto mesmo no seu ultimo discurso, Cavaco limitou-se a constatar uma realidade óbvia. Outras interpretações, são manifestações demagógicas de desespero, oriundas de sectores desencantados com a falta de capacidade do governo em atingir os resultados previstos no plano de saneamento financeiro, que constitui o plano da troika.
         Enquanto não se conseguir eliminar decisivamente as fontes de despesa excessiva do Estado (empresas publicas inuteis, empresas municipais perversas, gestões danosas dos dinheiros publicos, excesso de mordomias gastadoras, excepções às regras de boa gestão em alguns sectores publicos, desmantelamento de intervenções escusadas do Estado nos mercados, controle eficaz das despesas com o famigerado Estado social, saneamento completo do funcionalismo publico, intervenções do Estado na comunicação social, concessão ao sector privado de funções publicas manifestamente melhor efectuadas pelos privados, etc., etc.) não será possivel por em marcha nenhum plano de recuperação económica, por muito bem elaborado que esteja.
          Foi para recordar isto mesmo aos portugueses (e aos espanhois e aos italianos) que na semana passada um desconhecido comentarista politico alemão (mas certamente avalisado pelo seu governo) afirmou publicamente que a saída temporária da Grécia e de Chipre da zona euro seria uma boa solução  para ajudar esses países a recuperar o equilibrio perdido, por anos de desacatos financeiros e de aldrabices escandalosas.  Não se pense que a união bancária, ou qualquer outra manifestação de maior integração europeia se faça, sem que os Estados nela a envolver estejam completamente saneados financeiramente. O euro não aguentaria por muito mais tempo.  O que os alemães pretenderam dizer nas palavras sibilinas deste desconhecido comentador foi que, não querendo (ou não podendo) os governos dos países intervencionados (ou a intervencionar) fazer esse saneamento, então terão que afastar-se do grupo dos países da frente, deixando aos países em condições de avançar que prossigam na via dum maior aprofundamento da União europeia, única forma de permitir que o nosso continente não venha a ser engolido pelos gigantes da globalização.
          Portugal está numa encruzilhada decisiva para o seu futuro como país soberano e independente, incluido numa organização virtuosa de Estados que luta por não perder o seu lugar cimeiro no concerto das Nações mais civilizadas.  Não permitamos que o sebastianismo nacional, misto de ilusão e de desânimo colectivos, nos arraste para lugares onde, pela nossa história e pela nossa contribuição para a civilização, não merecemos estar.

                                              ALBINO ZEFERINO                    29/4/2013    

Sem comentários:

Enviar um comentário