segunda-feira, 16 de maio de 2011

ALEA JACTA EST

   Com o programa de salvamento assinado, pouco mais fica para ser decidido do que a respectiva execução pelo futuro governo a sair das eleições do próximo dia 5 de junho.  O próximo Parlamento ficará dividido entre os apoiantes do programa e aqueles que não o aceitam.  Tomando como base as recentes sondagens de opinião, é provável que os apoiantes do programa (PS, PSD e CDS) fiquem em maioria relativamente áqueles que o rejeitam (PCP e BE).
          A grande questão será, como se tem dito, o de saber até que ponto o futuro governo terá força suficiente para fazer executar tão exigente programa, que irá impôr sacrificios ao povo portugues e baixar-lhe o nível de vida durante os próximos tres anos.  E então que governo poderá ser esse?  Na provável impossibilidade dos tres partidos apoiantes do programa de salvamento se entenderem numa fórmula governativa comum, o que muito provavelmente acontecerá será a formação de um governo de coligação entre um dos dois maiores partidos do arco governativo (PS ou PSD) e o CDS.  Mas como um tal governo (embora matematicamente maioritário) não será suficientemente forte para impôr as profundas reformas económicas e sociais previstas no plano, o partido que ficar de fora do governo (o PS ou o PSD) terá que celebrar um acordo parlamentar onde se comprometa a apoiar a execução das tais reformas (algumas delas exigindo uma maioria de 2/3 dos votos dos deputados).  Esta circunstância determinará o futuro a médio prazo dos partidos apoiantes do plano de salvamento. Será sempre mais fácil justificar um apoio patriótico a medidas impopulares que não são suas, na base de compromissos parlamentares prévios, do que justificar a autoria dessas mesmas medidas enquanto responsável pelo governo.
          Nesta conformidade, o CDS (enquanto provável terceiro partido do arco governativo) terá sempre assento no futuro governo, para onde Paulo Portas (que ambiciona os Estrangeiros) se fará acompanhar de Teggy e/ou Cristas (consoante o numero de ministérios que caiba ao CDS em função do seu score eleitoral).  Se o parceiro fôr o PSD, o nº 2 será Catroga (nas Finanças).  Caso Sócrates volte a ganhar, o seu nº 2 será Ferro (tambem nas Finanças, que será o ministério controlador da execução do plano e principal interlocutor da troika). O outro partido que ficar de fora do governo limitar-se-á a apoiar parlamentarmente as medidas avulsas constantres do programa, ficando de mãos livres para criticar o governo nas suas estratégias desenvolvementistas.
          Se não for assim, será muito parecido.  A sorte está lançada e pouco mais haverá que fazer para salvar Portugal da bancarrota. 
 
                                                               ALBINO ZEFERINO 14/5/2011       

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