Analisando "a voil d´oiseau" as medidas de politica económica e financeira contidas no memorando do FMI/UE, constata-se:
1. A criação de um Conselho de Finanças Públicas independente para avaliar a performance da estratégia fiscal;
2. Um exame detalhado das PPP no sentido da renegociação daquelas onde o Estado ofereceu garantias exageradas aos privados;
3. A troca de receitas provenientes da Taxa Social Única por receitas provenientes do aumento do IVA com efeito neutro no orçamento, no sentido do aumento da competitividade das empresas;
4. A revisão das taxas moderadoras na Saúde indexando-as à inflacção; a redução dos subsistemas publicos com o objectivo de que 50% dos respectivos custos sejam suportados pelos seus beneficiários e fixação de preços máximos nos medicamentos genéricos;
5. A diminuição dos custos do trabalho, a redução das horas extraordinárias, o congelamento do salário minimo e dos aumentos salariais dos funcionários públicos, a redução das indemnizações por despedimento e a duração do subsidio de desemprego e sobretudo a alteração dos mecanismos de determinação dos salários;
6. A garantia da independencia das autoridades reguladoras e a introdução de um mecanismo de garantia do financiamento dos bancos;
7. O aumento da concorrencia e eficiencia do sector energético como factor de competitividade da economia nos mercados internacionais e aumento da receita fiscal a partir das vendas do sector; aprofundamento do mercado ibérico do gás;
8. A garantia do bom funcionamento do regulador das telecomunicações ANACOM e a remoção das barreiras à concorrencia em vários segmentos das telecomunicações;
9. A redução do pessoal das camaras municipais; a reorganização administrativa do território; a diminuição do numero de municipios e de freguesias; a eliminação de sobreposição de competencias entre os governos locais e central ;
10. A reforma em grande escala do sistema judicial portugues contemplando a reorganização do mapa judiciário, a melhoria na gestão dos tribunais, a simplificação do processo cível, o compromisso de acabar com as pendências, etc.
A implementação de algumas destas politicas e medidas vai necessariamente exigir alterações constitucionais que só poderão ser concretizadas com o apoio de maiorias alargadas que ultrapassem as eventuais coligações governativas que se formem ou os acordos de incidência parlamentar que se negoceiem. Nenhum partido estará disposto a perder base de apoio popular a troco de colaboração ou apoio a medidas que sabe serem impopulares. O que hoje se passa na Grécia (governada por socialistas) é sintomático do que estou aqui dizendo. Sem uma acção eficaz da parte do primeiro magistrado da Nação (é para situações destas que ele lá está) não será, a meu ver, possivel chegar-se a situações de consenso constructivas que permitam que Portugal saia desta grave situação em que está metido, conservando a sua independencia e soberania, pela qual muitos antes de nós deram a sua vida, os seus bens e a sua liberdade.
ALBINO ZEFERINO 24/5/2011
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