domingo, 22 de maio de 2011

CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

  Após sete vidas vividas a dar cabo da vida dos outros, parece que finalmente Sócrates vai morrer (politicamente, entenda-se). O decisivo frente a frente televisivo de ontem não deixou quaisquer duvidas aos esclarecidos comentadores politicos do burgo, de que a época sócretina chegou ao fim. Confesso que para mim (simples observador dos hábitos e costumes da vida lusitana) a evidência deste facto não me pareceu tão óbvia. A determinação de Sócrates na defesa das suas estafadas e enganosas teses foi tão convincente para os pobres espiritos dos  portugueses, que não me atreveria a subscrever tão depressa o próximo desaparecimento do ainda primeiro ministro (embora demissionário) da cena política lusitana. Contudo, a acreditar na omnisciencia dos comentadores televisivos, as favas estão contadas e Passos Coelho e o seu PSD estarão ao leme deste pobre e velho país dentro de duas escassas semanas. Não que não mereçam, nem que não estejam preparados para tal (como certas mentes preversas têm apregoado invejosamente por aí) mas porque esta coisa dos votos nem sempre resulta como parece que devia resultar.
          Nas diferentes sondagens com que os habituais opinion makers inundam os pobres espiritos lusitanos, PS e PSD continuam empatados, não se vislumbrando a vaga de fundo que arrasaria (qual tsunami regenerador) Sócrates e o seu PS da cena politica, para dar lugar ao novo super homem transfigurado em bétinho de Massamá. A aparente transferencia do voto socialista do estafado Bloco de Esquerda (experiencia falhada de um novo "verdadeiro" partido socialista que se desmoronou com a derrota de Alegre nas ultimas presidenciais) para o PS de Sócrates, veio tirar a força para que a tal vaga de fundo laranjinha se formasse. Por outro lado, a falta de carisma do novo lider do PSD tem provocado uma fuga macissa de intenções de voto para o mais convincente CDS de Portas (que até já se considera alternativa a Passos para a chefia da direita em Portugal). Por estas razões, parece-me ainda prematuro presumir que a morte politica do actual primeiro ministro está iminente pois, a meu ver, o que se perfila com mais verosimilhança será uma coligação entre Sócrates e Portas deixando Passos (o eterno 2º) a aguardar melhor ocasião. Será porém esta a melhor solução para Portugal?  Tenho duvidas. Mas em democracia o povo é quem mais ordena.
 
                                               ALBINO ZEFERINO   21/5/2011

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