O que impediu até agora o enterro definitivo deste jardim à beira-mar plantado foi o facto de Portugal fazer parte da zona euro (graças ao patois do Guterres) e do nosso peso no euro ser irrelevante (o que ajudou ao patois do Guterres). Uma vez inseridos na zona euro, a nossa irrelevancia não nos permite contudo fazer os disparaters que nos venham à cabeça sem que as suas consequencias não se venham a reflectir na estrutura da moeda comum europeia. Daí que os nossos parceios do euro (finlandeses incluidos) não tenham outro remédio do que ajudar-nos a sair desta embrulhada em que o Sócrates nos meteu, sob pena do euro se desmoronar e atrás dele a própria União europeia.
A ajuda não nos vai portanto sair de borla, como os fundos perdidos comunitários ou as esmolas a que regularmente nos habituamos a pedir (desde o liberalismo do sec XIX que vivemos de esmolas). A coberto de um plano de ajuda que já estava elaborado há meses (daí a rapidez da sua conclusão) vamos receber 80 mil milhões de euros (é muito dinheiro acreditem) a troco de prometermos entrar na linha (leia-se acabar com os resquicios preversos do 25 de Abril) e cedermos em compensação algumas (se não todas) das joias da coroa que ainda nos restam. Os 80 mil milhões correspondem ao valor dos emprestimos (mais juros) que os nossos credores nos fizeram e as joias da coroa ao resto das dividas que contraimos entretanto.
Parece que a escolha das empresas publicas portuguesas a privatizar resultou de conversas entre os nossos principais credores (ao estilo do Congresso de Viena do sec. XIX onde as nossas colónias de então foram divididas entre os nossos credores) tendo-se estes perfilado da seguinte maneira: a EDP e a REN para os espanhois da Iberdrola e da Endesa (para finalmente se constituir o mercado ibérico da electricidade; a TAP para os alemães da Lufthansa (que anseiam os direitos de tráfego para África e para o Brasil); as Àguas de Portugal para os franceses da Lyonnaise des Eaux (que já estão em Portugal); a REFER e a ANA para os espanhóis (que assim passam a controlar as redes de transporte nacionais); a Caixa geral de Depósitos (mais tarde) para aumentar a percentagem do controle espanhol do mercado financeiro portugues e a GALP para os italianos da ENI (que já controlam 30% da empresa portuguesa).
Como se vê, Sócrates custou-nos 80 mil milhões de euros mais a maioria dos activos soberanos do Estado portugues. Será que ainda não é tempo de o mandar pelo cano abaixo?
ALBINO ZEFERINO 11/5/2011
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