A oito dias das eleições já se pode fazer uma razoável previsão de quais vão ser os resultados. Conforme as sondagens têm repetidamente indicado nos últimos dias, os dois grandes partidos mantêm-se empatados, com o CDS em 3º lugar e os outros dois da esquerda em queda. Daqui resulta que a única duvida que existirá será a de saber se será o PS ou o PSD a formar governo (naturalmente coligado com o CDS, uma vez que nenhum dos grandes terá maioria absoluta por si só). Não creio que quer o PS quer o PSD estejam dispostos a formar a desejada grande coligação em caso de não ficarem em 1º lugar (embora na presente situação a lógica a isso os empurrasse). Por muito que Cavaco insista, o partido perdedor não vai deixar passar a oportunidade de capitalizar a seu favor o descontentamento popular que necessariamente surgirá da aplicação das duras medidas previstas no pacto FMI/UE, olhando para o futuro próximo. Ficaremos assim numa situação semelhante à que vive a Grécia com uma maioria parlamentar insuficiente para conseguir gerar os consensos constitucionais necessários às indispensáveis reformas para cumprirmos o estabelecido no pacto. Diria mais. Na provável hipótese de ser o PSD a ficar à frente (e a coligar-se com o CDS para obter a maioria exigida por Cavaco) o PS de Sócrates virará à esquerda (com ou sem ele) renegando o apoio ao pacto e tentando capitalizar o descontentamento popular a seu favor. A recuperação dos votos perdidos nas ultimas eleições de 2009 a favor do BE a isso sugerem.
A ser assim, o país ficará dividido ao meio com uma direita frágil e pouco coerente, a tentar aplicar um programa de governo exigente e sem alternativas, monitorizada pelos nossos credores, refém de um pacto imposto por eles e sem o necessário apoio popular e parlamentar para o implementar conforme era suposição dos seus autores. Por seu turno, criar-se-á do outro lado do expectro politico a tão desejada maioria de esquerda procurada por Alegre e seus capangas que, sob a bandeira do nacionalismo bacoco, se arvorará em defensora dos valores pátrios contra o soez ataque estrangeiro. A receita é conhecida e normalmente bem aceite pelas mentes simples dos orgulhosos e empedrenidos lusitanos.
ALBINO ZEFERINO 28/5/2011
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