segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A RÃ E O ESCORPIÃO

No meio do lago o escorpião, equilibrando-se nas costas da rã que se oferecera para o transportar para a outra margem, ferra o seu veneno mortal na rã que, em agonia ainda lhe diz: "Mas não vês que assim afogas-te e morres comigo?". E o escorpião replica-lhe: "Que queres? É da minha natureza".
          Os portugueses parece que ainda não compreenderam que não é ferrando o seu veneno nas costas daqueles que os querem ajudar que conseguem ultrapassar o lago de lodo em que se enfiaram no rescaldo desta enorme crise estrutural em que se encontram. Quando os alemães e outros parceiros europeus mais favorecidos nos apontam pacientemente o caminho a seguir para podermos sair desta crise que nos assola, os portugueses, resistindo teimosamente na preservação dum sistema constitucional nascido do período revolucionário abrilista, não resistem em atacar os seus salvadores, acusando-os de quererem desmantelar uma originalidade politica baseada na utopia bacoca de fazer sobreviver um Estado falido controlador da economia nacional onde todos se penduram. O estranho hábito que os portugueses têm de nada fazerem sem antes se assegurarem de que o Estado salvador os socorrerá nos disparates que cometem fruto da sua atávica natureza de desresponsabilização das acções que inconscientemente empreendem, arrastou o país para a actual crise socio-económica que se instalou e da qual não sairemos sem reformar decisivamente o sistema constitucional em que vivemos há mais de 30 anos. E não será acusando aqueles que nos querem salvar de nos quererem desgraçar quando nos aconselham a reformar o Estado no sentido de nos livrarmos dos constrangimentos legislativos e sociais herdados das épocas dos Estados controladores já felizmente ultrapassadas e caducas, que conseguiremos sair desta crise inédita em que nos encontramos. 
          Sejamos pragmáticos como são os nossos parceiros da UE, deixando para a história os procedimentos bacocos e utópicos dos Estados-providencia que nos conduziram à situação desesperada em que nos encontramos, reformando com coragem e determinação os princípios socializantes que a actual Constituição nos impõe e libertando os jovens que desejem construir a sua vida através do trabalho livre, honesto e sem obstáculos. Quem não o deseje, então que se vá, deixando o caminho desimpedido áqueles que pretendem fazer de Portugal um país moderno, desenvolvido, cooperante e solidário.  
 
                                                        ALBINO  ZEFERINO   12/2/2011    

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