quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

VÃO TRABALHAR MALANDROS !

Como desde há séculos, os ditados populares são sábios. Por isso são ditados e são populares. Depois de muitas reuniões, opiniões, televisões, projecções e quejandos, parece ter-se chegado a uma conclusão simples para a solução da crise que nos assola a todos:" Vão trabalhar, malandros!"
 
     Partindo do principio de que será através do equilibrio das contas publicas que a crise poderá ser debelada, o que há a fazer é reduzir as despesas e aumentar as receitas. Parece que nisto estão todos de acordo. Excepto é claro aqueles que não acreditam que a crise se vença através do equilibrio das contas publicas. Só ainda não conseguiram explicar como se vencerá então a crise.
 
     Para reduzir as despesas há que gastar menos. Ou seja, não ultrapassar nos gastos aquilo de que se dispõe. Se se dispõe de pouco, ter-se-á que gastar pouco. E onde então se irá gastar esse pouco? Nos chamados bens de primeira necessidade, ou seja, na subsistencia, na saúde, na educação (eu diria melhor, na instrucção) e na assistencia aos pobres, deixando os vícios (ou seja, os gastos supérfulos) para quem tenha dinheiro para gastar. Lá diz o povo: "Quem não tem dinheiro, não tem vícios". A partir daqui, das duas uma: ou a gente se contenta em  mantermo-nos vivos gastando o pouco que produzimos com as nossas necessidades básicas e conformando-nos a uma vidinha de pobres, ou se queremos armar-nos em ricos (no pelotão da frente da UE, como dizia Guterres) então teremos que nos propôr a trabalhar como diz o ditado, para assim passarmos a produzir mais e a receber mais dinheiro do que aquele que temos para poder gastar. 
 
    Quanto às receitas, a receita é a mesma. Se queremos aumentar a receita, há que produzir mais e melhor. Ou seja, trabalhar mais e melhor. Porque isto de aumentar as receitas para uns à custa de outros tem um nome tambem bem portugues: Chulice! E o aumento dos impostos não é outra coisa do que isso: Tirar a quem mais tem (porque trabalhou mais e ganhou mais) para dar a quem menos tem (porque não trabalhou o suficiente para ganhar o dinheiro que lhe faz falta) não é mais do que uma chulice.
 
     A solução para diminuir as despesas e aumentar as receitas (publicas e privadas, entenda-se) poderá assim resumir-se ao ditado simples mas sábio que todos os portugueses conhecem e que costumam atirar uns aos outros: "Vai trabalhar, malandro!"  E é isto que os nossos credores nos estão a dizer quando sucessivamente vão aumentando os juros dos empréstimos que nos fazem para vivermos, porque não acreditam que os malandros dos portugueses queiram trabalhar.
 
                            ALBINO  ZEFERINO          22/2/2011

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