Creio poder assumir-se como pacífico que haverá que prioritariamente controlar as contas públicas para depois estabelecer um plano que nos permita sair deste limbo em que nos encontramos. Já se sabe tambem que a maior dificuldade que o governo em funções enfrenta é o controle da despesa pública que, enredada em regras preversas e hoje injustificáveis, impede a sua eficaz concretização. Tudo isto resulta da incapacidade (eu diria mesmo ausencia de vontade política ou, dito de outro modo, cobardia eleitotralista) demonstrada por este governo para tomar as medidas adequadas para esse controle eficaz.
A assumpção da evidencia da necessidade da supressão do Estado controlador e protector como condição para o novo arranque que nos faça sair deste pesadelo é muito dificil de aceitar para qualquer governo que não se disponha a sacrificar-se eleitoralmente. A persistencia porem em manter-se em funções à custa de uma politica de enganos e subterfugios pode ser perigosa, pois a não concretização das expectativas prometidas leva o povo, mais tarde ou mais cedo, a reacções de desespero e indignação, incontroláveis e portanto, muito perigosas. Os movimentos de rebelião popular que hoje se verificam na África do norte (tão perto de nós) não signifacam outra coisa senão manifestações deste tipo.
Seria assim prudente que o actual governo em funções em Portugal assumisse de uma vez por todas a opção fundamental de reformar decisivamente o Estado gastador ou, não o desejando, deixe outros fazerem esse trabalho. A continuação desta politica do faz de conta, alem de muito perigosa, deixa que a crise se vá aprofundando tornando cada vez mais dificil e problemática uma eficaz recuperação do nosso ritmo de desenvolvimento que permita a permanencia de Portugal no ranking dos países mais desenvolvidos da OCDE. Num período de rápida alteração dos parâmetros de desenvolvimento no mundo, qualquer errada percepção deste fenómeno poderá facilmente ser considerada como um atentado à soberania nacional.
ALBINO ZEFERINO 27/2/2011
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