sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

RETRATO DO PORTUGAL CONTEMPORANEO

  Tomando como ponto de partida os resultados eleitorais das últimas eleições presidenciais,que finalmente foram publicados, poder-se-á tentar fazer o retrato do que é hoje o Portugal político, entalado entre a ameaça do desemprego permanente e a constatação da debilidade endémica deste belo e maravilhoso jardim à beira-mar plantado. Dos 9 milhões e meio de portugueses inscritos para votar apenas votaram 4 milhões e meio, dos quais perto de 300 mil considerados brancos ou nulos.
          Em função da votação recebida por cada um dos candidatos poder-se-á concluir o seguinte: A maioria dos portugueses identifica-se com Cavaco Silva, reeleito à 1ª volta com mais de 2 milhões e 200 mil votos, ou seja resigna-se com a situação que estava, não deseja novas experiencias e acha que é mantendo este presidente a melhor forma de enfrentar a crise. As acusações de locupletamento à custa alheia de que foi acusado no caso da compra e venda de acções do banco maldito, a trapalhada das escutas em Belém, a sua tendencia para o segredo, os seus amigos vigaristas e até a sua dificil mulher e o seu genro pouco escrupuloso, não foram suficientes para apagar a imagem de homem do povo que subiu na vida a pulso e que tem sido a grande bandeira sob a qual Cavaco tem construido a sua carreira, caracteristicas que o povão portugues valoriza e distingue.
          O grande derrotado foi o poeta Alegre que tentava vingar-se das traições de Soares, ambicionando ocupar a cadeira que foi do antigo amigo. A sua tentativa de patrocinar uma espúria aliança entre socialistas, bloquistas e comunistas foi liminarmente rejeitada pelo povo conservador (quer da direita, quer da esquerda) tendo perdido 1/4 dos votos que recebera nas eleições anteriores. A falta de curriculo, as caçadas e os amigos burgueses, a altivez poética e o seu passado político demasiado aventuroso, foram-lhe fatais no confronto com o homem do povo feito presidente.
          A votação em Nobre (quase 600 mil pessoas) que registou quase o dobro de votantes do candidato comunista foi efectivamente a surpresa do dia. Subrepticiamente apoiado por Soares  e pelos cada vez menos soaristas para atrapalhar Alegre, surgiu como a candidatura anti-sistema, protagonizada por um homem probo e solidário, mas sem alma nem carisma.
          Coelho, o louco, ainda conseguiu quase 200 mil apoiantes, a quota dos doentes mentais que gostam de votar e Defensor serviu aos sócretinos para destapar legalmente as carecas de  Cavaco, mas sem sucesso. 
          Como se vê estas eleições retratam um país amorfo, conformado, conservador e popular, porém, atento, dificil de enganar, conhecedor das gentes e sábio.
 
                                                          ALBINO ZEFERINO   25/2/2011

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