domingo, 21 de abril de 2013
A CAMINHADA PARA O ABISMO
À medida que as avaliações da troika se vão sucedendo (e já lá vão sete) que se vai tornando mais evidente que a forma "certinha" como o governo está conduzindo o país para a sua pretensa salvação não tem sido a correcta. O velho aforismo de que "não se podem fazer omoletes sem partir os ovos" cabe nesta análise como uma luva. Senão vejamos.
Se Cavaco tivesse feito aquilo que se esperava dele após as eleições de há dois anos, ou seja, não ter empossado um governo sem condições de reduzir o défice orçamental nem de diminuir o limite da dívida publica, sem antes se assegurar do que hoje parece óbvio a toda a gente (excepto aos próprios envolvidos) , ou seja, a existencia de um consenso partidário alargado que permitisse avançar com as medidas necessárias para o efeito sem obstáculos constitucionais e politicos, não estariamos hoje numa situação de impasse de dificil saída e com consequencias eventualmente trágicas para a manutenção do país dentro dos parametros exigidos para a pertença ao euro-grupo de que Portugal ainda faz parte. Já Paulo Teixeira Pinto apresentara nessa altura um projecto de revisão constitucional que foi liminarmente recusado por todos, como se de um ataque contra-revolucionário à sacrossanta Constituição de 1976 se tratasse.
Efectivamente, ao contrário do que inicialmente o governo apregoava, nem o memorando da troika que nos guia foi bem desenhado, nem o financiamento à economia tem sido feito, nem deixa de ser preciso mais tempo e mais dinheiro para continuarmos com o ajustamento, nem Portugal consegue chegar aos mercados em setembro próximo, nem a economia vai começar a recuperar a partir deste ano, nem as privatizações e reestruturações aumentaram a concorrencia e baixaram os preços, nem o ajustamento feito até agora vai atrair o investimento estrangeiro. E isto tudo porquê? Porque não há suficiente base politica para que o governo tome as medidas verdadeiramente necessárias para reformar o país. Com o apoio do PS, negociado previamente à formação do governo sob os auspicios presidenciais (a tal magistratura de influencia inventada por Soares), tudo teria sido mais fácil e mais civilizado. Assim, ao contrário do que o governo apregoa, estamos hoje mais próximos dos gregos e mais longe dos irlandeses.
Muita informação enganosa tem sido despejada sobre os pobres dos portugas, já cansados de tanta indefinição e de falta de clareza. Cada um dos protagonistas do poder terá que arcar com a responsabilidade dos seus actos. Sejam os do governo, sejam os da oposição. Fingir que estamos vivendo um período normal da nossa vida colectiva, apenas atravessado por uma arreliadora crise de conjuntura (de resto provocada por outros que não nós), onde todas as manobras habituais da politiquice são permitidas, é um crime de lesa-pátria que deve ser denunciado e severamente punido. Ferreira Leite dizia sabiamente que ganhariamos todos se a democracia fosse interrompida por uns tempos até que a casa pudesse ser posta em ordem. Esta opinião custou-lhe o lugar nessa altura. Hoje não tenho duvidas quanto à verdade disso. Mas vá lá alguem propor isso agora de novo!
No periodo da democracia dos ultimos 35 anos, esta foi a terceira vez que nos vimos forçados a pedir a intervenção de estrangeiros na gestão das nossas contas publicas. Fomos o unico país ao qual isso aconteceu, o que quer dizer que algo está mal nesta republica. Não há duvida que temos Estado a mais. É o Estado quem está falido, não são as pessoas nem as empresas que conduziram o país a esta situação de indigencia. Se queremos reduzir as despesas do Estado e se 70% dessa despesa é consumida em salários e em prestações sociais, então é nesses sectores que há que cortar. Sejamos patriotas e encaremos os problemas de frente, sem rodriguinhos e sem falácias. Patriotas não são só aqueles que dão a vida pela Pátria!
ALBINO ZEFERINO 21/4/2013
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Boa, o Estado está falido, mas banca - agrande responsável do estado a que isto chegou, Não. Extraordinário! A seu ver, a banca não tem quaisquer responsabilidades neste processo. Valha-nos Santa Engrácia! Mailos apóstolos, toda a santaira e ainda as 10.000 virgens
ResponderEliminarOs bancos não são mais responsáveis do que todos os outros que deram condições aos bandidos que nos governaram (e se governaram à nossa custa) de roubarem tudo e todos, de todas as maneiras e feitios. Agora que nos obrigam a pagar pelos disparates que fizemos, não nos queixemos. Sem bancos não há capitalismo e sem capitalismo não há desenvolvimento. Até os comunas já perceberam isso.
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