quinta-feira, 4 de abril de 2013
A HISTÓRIA REPETIR-SE- À ?
A histórica moção de censura ao governo apresentada pelo PRD (Partido Renovador Democrático, movimento inventado por Ramalho Eanes aproveitando as tradicionais lutas fratricidas no interior do PS), em 1987, foi a única até hoje que conseguiu vingar. E foi tambem graças a ela que Cavaco (então imberbe primeiro ministro de um PSD minoritário, ainda orfão do seu criador e inspirador Sá Carneiro) conseguiu impor-se no partido e na politica portuguesa, na sequência das eleições provocadas por essa moção vitoriosa. Os portugueses não gostam de mudanças mesmo quando elas se impõem por si próprias. Por isso é que nenhum politico que se preze quer dar a cara por elas, preferindo que as situações se encarreguem por si próprias de provocar essas mudanças. É um processo mais lento e mais doloroso para o país, mas mais desresponsabilizante para os politicos que o protagonizam. Não fora a ambição de Eanes ao criar um partido sem substracto que dividiu o PS e a teimosia de Soares em garantir a sua reeleição como presidente da Republica (para a esquerda inconformada foi este o responsável pelos 8 anos de maiorias de Cavaco como PM) e a moção de censura apresentada pelo PRD em 1987 não teria vingado.
Será que a situação de hoje dará lugar a um mesmo processo politico? As posições entre a esquerda e a direita estão extremadas como então e os partidos existentes já não reflectem exactamente o espectro politico da sociedade portuguesa quotidiana. A extrema esquerda já não tem expressão, representando o BE apenas os descontentes do PS, bem como o CDS-PP não representa a democracia-cristã de que se arrogava nos seus primórdios, mas a direita chique que não se revê nos saloios do PSD. A sociedade portuguesa está hoje dividida entre os socialistas defensores de politicas estatais proteccionistas e os liberais de direita ansiosos por governos minimos que lhes permitam dar largas às suas capacidades empreendedoras. É a partir destas premissas que há que raciocinar para fazer projecções para o futuro próximo.
Parece indiscutivel o esgotamento do actual governo, cansado por uma governação muito exigente resultante do carácter excepcional do processo politico que vivemos. Não se vislumbra porem alternativa governativa válida que nos faça sair do atoleiro em que estamos metidos com as oposições politicas existentes. A constatação da inutilidade de eleições antecipadas como solução para a crise parece evidente no espirito de todos e a cada vez maior dependencia de factores externos para a solução do imbróglio em que Portugal está metido revela-se progressivamente mais óbvia. Que fazer então? Eu diria nada. Aguardar pacientemente que a borrasca passe, continuando a viver à custa dos que nos querem ajudar, conformados com esta vidinha triste e rezando a Nossa Senhora que os ventos não nos tragam mais dissabores do que aqueles que hoje temos.
ALBINO ZEFERINO 4/4/2013
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