domingo, 14 de abril de 2013

O LOGRO DO 25 DE ABRIL


          Agora que a corda está mesmo a esticar, assiste-se a um desfiar de ladaínhas provenientes quer da esquerda desesperada, quer de sectores ou de grupos receosos de perderem os beneficios que espuriamente esbulharam ao Estado, ou seja aos bolsos de todos aqueles que ordeiramente pagam anualmente os seus impostos.  Refiro-me concretamente aos saudosos de um marxismo morto e enterrado há decadas e aos malandros que, julgando-se mais espertos do que os outros (os chamados chicos-espertos), se aproveitaram da confusão reinante para arrancarem ao Estado rendas, subsidios ou regimes salariais especiais para si próprios ou para os grupos de que fazem parte.  Foi paradoxalmente a machadada violenta desferrada pelos juízes do tribunal Constitucional ao orçamento de guerra do governo que destapou o pobre do rei que afinal por debaixo ia nu.
          Parece que finalmente as pessoas de bem (ainda há algumas felizmente) perceberam o logro em que cairam vai para 40 anos, quando estupidamente aplaudiram a brincadeira lançada por uns loucos desesperados comandados por um bigamo sem escrupulos contra um regime sem saída que não compreendera tambem a necessidade de se reformar por dentro.
          Como pacientemente tenho vindo a comentar, sem dinheiro disponivel não será possivel conseguir fazer sair este país do atoleiro onde o próprio povo o meteu.  E não se diga que não houve culpas colectivas na débacle nacional, pois se os malandros que nos governaram nos últimos anos não tivessem sido eleitos em eleições indiscutivelmente livres e limpas, não lhes tinha sido dada oportunidade de fazerem as malandrices que conduziram o país à triste situação em que se encontra.  A única desculpa que os abrileiros podem invocar para a tragédia nacional que provocaram, é precisamente a de que actuaram presumivel mente (as eleições não eram nem livres nem representativas nessa altura) em nome duma consciencia colectiva que repudiava maioritariamente uma politica ultramarina sem solução.  Caetano e os seus pares tambem não tiveram a coragem de reformar decisivamente o regime, que assim caiu de podre no colo de um par de inconscientes que nos conduziram ao estado em que hoje nos encontramos.
          Esta é a dura verdade que vai aparecendo debaixo do manto da fantasia que envolve este povo centenário, que a troika vai pacientemente destapando na tentativa de lhe abrir os olhos cegos de obstinação e de teias de aranha e que não lhe permitem ver o óbvio.

                                 ALBINO ZEFERINO                    14/4/2013

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