sábado, 15 de janeiro de 2011

O QUE VEM O FMI CÁ FAZER?‏

Tem-se ouvido dizer sobretudo da parte de socialistas e da banda esquerda do espectro político portugues que a vinda do FMI a Portugal é perversa pois, identificando-o como agente dos nossos credores virá, qual homem do fraque,apenas para cobrar as dívidas que os portugueses alegre e inconscientemente foram contraindo crescentemente ao longo dos ultimos anos. É claro que, dito desta maneira simples e lhana, o argumento colhe, sobretudo se escutado por ouvidos ignorantes das coisas da politica e da economia como infelizmente são a maioria dos ouvidos portugueses. O que os paladinos do "quanto maior for a despesa melhor" não explicam aos atarantados dos portugas é que chegámos ao fim da linha, ou seja, a profundissima crise financeira, depois economica e social que desabou sobre o mundo dito civilizado tornou-se numa crise politica que já não se compadece com paninhos quentes. Enquanto o endividamento portugues não afectava as grandes economias, sobretudo as europeias, pela sua insignificancia e razoavel contenção, agora que o mal tocou a todos e que o risco sistémico começou a afectar a estabilidade do euro e com ele todo o edificio comunitário e a sua própria filosofia, a dívida externa portuguesa passou a ser olhada de forma mais atenta pelo conjunto dos nossos credores, não tanto pela sua extensão mas mais pelo descontrolo da gestão das despesas publicas em Portugal. Quer dizer que enquanto não conseguirmos provar aos nossos parceiros do euro que estamos no bom caminho para diminuir o defice do Estado o espectro da chegada dos homens do FMI vai crescendo.
    Em termos internos, ou seja, como vamos nós caminhar para atingirmos esse desiderato (se com este governo ou com outro, se terá ou não que passar por eleições parlamentares, qual o papel do futuro presidente na resolução deste problema vital, que tipo de alterações legislativas há que fazer, etc) é assunto que os nossos parceiros/credores têm deixado ao nosso critério até agora. Receio porem que à falta de consciencia da necessidade imperiosa de rapidamente Portugal inverter a escalada de endividamento demonstrada pelos nossos politicos (sobretudo pela oposição de esquerda) determine a chegada formal do FMI a Portugal para nos impor o caminho que nós não soubemos ou não quisemos tomar na altura certa. É claro que se isto acontece (a meu ver será inevitável a curto prazo) o governo actual não sairá muito bem na fotografia, razão pela qual tem vindo a apergoar (com a ajuda da esquerda a quem não interessam alterações estruturais no regime) que vai conseguir travar a escalada despesista sem necessidade de recurso ao FMI.
    Em conclusão direi que só com a "ajuda" dos nossos credores transformados em FMI, que vão forçar-nos a reestruturar profundamente o nosso sistema economico-social que nós próprios não tivemos coragem de empreender (agora compreendem-se melhor as fugas de Guterres e de Barroso), como unica forma de pôr travão aos excessos despesistas do Estado democrático portugues, é que talvez possamos endireitarmo-nos e impedir que por nossa culpa os nossos parceiros/credores se afundem connosco. Não estivesse Portugal na União Europeia e no clube do euro, nem Nossa Senhora de Fátima nos valeria.
 
Albino Zeferino  14/1/2011  

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